sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Excepções

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Toda a regra não tem que ter excepção, mas quando tem é muito útil. Claro que esta regra também poderá ter, não a tendo ... adiante, que outro é o assunto em causa, hoje!
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Este é um blogue onde se exprime uma parte bem mais privada, em público (com todas as conotações, mesmo as que se reportam à privada), e onde se evita tratar aspectos ligados à intervenção pública - isso fica para o blogue das Cartas ao Portador.
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No entanto, por vezes, este parece ser o melhor local para uma manifestação dirigida ao exterior, quando o que incomoda ou satisfaz interessa a um muito limitado número de pessoas - ou, pelo menos, existe a sensação que pouco interessará ...
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Há trinta e tal anos que vivemos a democracia. Não significa isto que vivemos em democracia, isso é pouco para muitos, mas que vamos, dia após dia, concretizando, exercitando, construindo um ambiente democrático pela acção, esta última conformada pelos princípios que deveriam constituir-se (já) como parte integrante do nosso ser. Ora,
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Por vezes somos chamados a fóruns, onde partilhamos com outros ideias, desejos, visões ou esperanças. Onde analisamos aspectos variados e tomamos decisões, dizemos o que pensamos e procuramos influenciar, mais ou menos abertos ao que os outros pensam e exprimem.
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Destes momentos sobram, demasiadas vezes, sensações de desperdício, desilusão, impotência. Sente-se que pouco - ou nada - se ganhou, neste tempo que voou, mais do que passou.
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Três exemplos, bem recentes:
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  • O legislador fez uma lei que colocava em causa, essencialmente, interesses dos magistrados. Quem decidiu se essa lei "valia" ou não? Os magistrados. E o resultado foi ... exactamente, não vale!
  • Os dois partidos maioritários juntaram esforços para alterar as regras eleitorais para os municípios. Quem vai sair favorecido com essas alterações? Isso mesmo, por muito estranho que pareça, serão só esses dois ...
  • Desde que a democracia é a organização social adoptada que, nas Escolas, se promove o trabalho cooperativo, em equipa, afirmando-se sem pejo que o trabalho de grupo é mais adequado, produtivo, interessante e moderno que qualquer outro - sobretudo, o individual não é, nem de perto nem de longe, solução para nada! Então, qual a grande novidade da responsável primeira pela Educação do país, neste arranque de 2008? A gestão unipessoal das Escolas, em substituição da colegial. Assim, com esta secura toda.
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Para terminar, só falta que, no parecer que o Conselho das Escolas vai emitir relativo à nova legislação, para além de concordar com esta solução superiormente decretada, ainda se manifeste contra a limitação dos mandatos do Director que a lei também prevê - Conselho das Escolas onde só estão Presidentes dos órgãos colegiais, que vão passar a ... Directores!
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Se esta cereja for colocada no topo da mediocridade reinante, ninguém se espantará. O corporativismo é, como sempre foi, a pedra de toque da estrutura social portuguesa. Terá sido Salazar quem melhor o compreendeu e regulamentou. Por isso se manteve tanto tempo no poder, tornando-se assim um dos principais responsáveis pela pobreza, solidão, atraso e tristeza que caracteriza (ainda e sempre) o país e a sua gente.
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Se isso não acontecer, bom, ainda há esperança e o cepticismo mora deste lado (mais a cegueira, o umbiguismo e o pretensiosismo, que serão também publicamente assumidos).
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