terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Momentos de qualidade

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É o que sobra, do tempo que não resta: momentos preciosos, únicos, tão sentidos quanto os beijos de quem se ama, os sabores dos frutos exóticos, os sons encantadores da voz pura.
Um dia de sol, no Inverno rigoroso, enquadrado por cor e luz deslumbrantes. Estar com amigos, nos seus espaços, no seu abrigo, no seu seio - que doce satisfação!
Mas deixemos falar os sapatos ...
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e as meias ...
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e o horizonte, em moldura vegetal.
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terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Já lá vão uns anitos ...

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Há 49 anos atrás, era assim que eu me apresentava, nos festejos do 1º aniversário.
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Agora, estou assim, desta forma estranha ...
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Coisas do tempo.
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sábado, 19 de janeiro de 2008

Fantasmas visitadores

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Hoje fui confrontado por um som que, enchendo a casa, me acordou memórias queridas.
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A minha filhota, mais adulta que adolescente, encontrou no Youtube uma canção que eu lhe cantava enquanto criança, de que gostava muito. Ei-la, porque sei que saberá bem a outros a revisitação destes momentos:
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Não conseguimos encontrar outra que também amávamos, em português. Mas a versão espanhola serve ... malzito!
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quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Ser feliz

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Que coisa, escolher este tema nesta altura. Ou decorrerá disso mesmo, do tempo que corre - e como corre! Nas carteiras da primária, para além do buraco do tinteiro de porcelana, o que atraía o meu pensamento centrava-se na figura do meu Professor, alto (enorme mesmo, aos meus olhos), autoritário (o que, nos anos seguintes, viria a confirmar não ser apenas aparência) e algo "quota" (teria uns inconcebíveis 30 anos, na minha jovem mas assumida convicção). Então a D. Anaísa (ou Ana Ísa, nem sequer conheço a grafia correcta), aí com uns 50 anos, estava praticamente acabada.
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Mas a vida tem destas coisas, não dá tréguas e coloca as coisas nas devidas proporções. De facto, o que acontece é que está socialmente instituído que, aos 50, se começa um novo ciclo, de descida ou de perda, acelerada, com o imperativo do aproveitamento total do tempo, que passa a ser o tesouro maior de cada um. Mas isso é uma visão conceptual e limitada às convenções. Esse tempo existe, só que, muitas vezes, está para lá, ou para cá, desse número gordo (o 5 impede-me de lhe chamar redondo, conforme ensinamentos da minha chefe). Eu, por exemplo, sei que o passei há já uns anos. Agora, sei que nada é diferente do que aconteceu ontem ou, presumivelmente, vai suceder amanhã.
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A questão que coloco está mais voltada para a felicidade gizada como sendo um objectivo que se traçou e para o qual contribuímos com a nossa acção diária, ou seja, trabalhámos muitos anos e muito para podermos ser felizes "depois". Juntar dinheiro, perdendo anos, para atingirmos uma felicidade suprema em escasso tempo.
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Este é um engano comum, repetido, praticado insistentemente por muitos, demasiados. O que mais dói é a constatação que muitos fazem, quando são atingidos pelo murro da realidade, quando a certeza da inatingibilidade do objectivo se revela. E dói não pela impossibilidade que se manifesta, mas pela certeza do desperdício da vida passada, em busca duma meta tão inacessível quanto o santo graal. Pior. Enquanto este se apresenta, sempre, como um mito, a construção da felicidade parece perfeitamente possível, ali, ao alcance da mão.
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Vivo momentos de prazer, que pontuam um tempo monótono e rotineiro. É tão gratificante um momento de intenso prazer quanto um longo dia de trabalho? Claro que não, mas sabe melhor quando não é desvalorizado, quando não é submetido a uma miragem de felicidade. Quando vale em função do que se sente e vive, e não do que se sonha. E o dia, assim enquadrado, é fácil de saltar.
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Por isso digo, muitas vezes (não tantas quanto gostaria), que estou encantado. Por isso páro, deixo de fazer algo da rotina diária e parto para outra coisa qualquer, que adoro. Por isso me renovo, na idade que ostento, sem a esquecer; mas também sem a glorificar ou sujeitar, ao construído ou a construir.
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sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Excepções

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Toda a regra não tem que ter excepção, mas quando tem é muito útil. Claro que esta regra também poderá ter, não a tendo ... adiante, que outro é o assunto em causa, hoje!
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Este é um blogue onde se exprime uma parte bem mais privada, em público (com todas as conotações, mesmo as que se reportam à privada), e onde se evita tratar aspectos ligados à intervenção pública - isso fica para o blogue das Cartas ao Portador.
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No entanto, por vezes, este parece ser o melhor local para uma manifestação dirigida ao exterior, quando o que incomoda ou satisfaz interessa a um muito limitado número de pessoas - ou, pelo menos, existe a sensação que pouco interessará ...
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Há trinta e tal anos que vivemos a democracia. Não significa isto que vivemos em democracia, isso é pouco para muitos, mas que vamos, dia após dia, concretizando, exercitando, construindo um ambiente democrático pela acção, esta última conformada pelos princípios que deveriam constituir-se (já) como parte integrante do nosso ser. Ora,
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Por vezes somos chamados a fóruns, onde partilhamos com outros ideias, desejos, visões ou esperanças. Onde analisamos aspectos variados e tomamos decisões, dizemos o que pensamos e procuramos influenciar, mais ou menos abertos ao que os outros pensam e exprimem.
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Destes momentos sobram, demasiadas vezes, sensações de desperdício, desilusão, impotência. Sente-se que pouco - ou nada - se ganhou, neste tempo que voou, mais do que passou.
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Três exemplos, bem recentes:
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  • O legislador fez uma lei que colocava em causa, essencialmente, interesses dos magistrados. Quem decidiu se essa lei "valia" ou não? Os magistrados. E o resultado foi ... exactamente, não vale!
  • Os dois partidos maioritários juntaram esforços para alterar as regras eleitorais para os municípios. Quem vai sair favorecido com essas alterações? Isso mesmo, por muito estranho que pareça, serão só esses dois ...
  • Desde que a democracia é a organização social adoptada que, nas Escolas, se promove o trabalho cooperativo, em equipa, afirmando-se sem pejo que o trabalho de grupo é mais adequado, produtivo, interessante e moderno que qualquer outro - sobretudo, o individual não é, nem de perto nem de longe, solução para nada! Então, qual a grande novidade da responsável primeira pela Educação do país, neste arranque de 2008? A gestão unipessoal das Escolas, em substituição da colegial. Assim, com esta secura toda.
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Para terminar, só falta que, no parecer que o Conselho das Escolas vai emitir relativo à nova legislação, para além de concordar com esta solução superiormente decretada, ainda se manifeste contra a limitação dos mandatos do Director que a lei também prevê - Conselho das Escolas onde só estão Presidentes dos órgãos colegiais, que vão passar a ... Directores!
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Se esta cereja for colocada no topo da mediocridade reinante, ninguém se espantará. O corporativismo é, como sempre foi, a pedra de toque da estrutura social portuguesa. Terá sido Salazar quem melhor o compreendeu e regulamentou. Por isso se manteve tanto tempo no poder, tornando-se assim um dos principais responsáveis pela pobreza, solidão, atraso e tristeza que caracteriza (ainda e sempre) o país e a sua gente.
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Se isso não acontecer, bom, ainda há esperança e o cepticismo mora deste lado (mais a cegueira, o umbiguismo e o pretensiosismo, que serão também publicamente assumidos).
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segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Desafio: 10 objectivos para concretizar em 2008

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Porque a vida é feita de pequenas coisas, considero ser este o tempo ideal para traçar aqueles objectivos, fundamentais para (mim) este ano que ora se inicia.
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Nada de transcendente, nada de nadar no Nilo ou atravessar a Mancha, escalar os picos da Europa ou mergulhar em qualquer gruta ou mar, ou até repetir sensações mais marcantes já vividas, como um "slide" numa foz de largas dimensões, uma viagem em montanha russa com múltiplos "loopings" ou disparar uma metralhadora pesada. Fico-me por metas mais acessíveis e menos perigosas, que são importantes mas concretizáveis. A novidade reside na publicação, nesta nova forma de o dizer, o que me condicionará um pouco mais. Afinal, quando chegar a hora, mais gente me poderá "cobrar" a falta de resultados.
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Vamos lá a isto (sem que a ordem que utilizo para os apresentar seja relevante):
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Tornar-me "Investigador Suficiente" - acho que é assim que se diz - no meu actual percurso de formação;
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Ir a um país que não conheço (o mais provável é visitar Itália), já que em 2007 fui para fora cá dentro;
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Reduzir, pelo menos, 5 kg ao meu peso, logo,
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Ingerir menos açucar, gorduras, alcoól, fritos e secos, bem como
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Fazer desporto regularmente (a natação parece ser a melhor opção);
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Melhorar a minha capacidade de trabalho, sendo mais organizado, respondendo melhor aos problemas e às pessoas e conseguindo melhorar os resultados (este, porque depende também doutros, não vai ser fácil);
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Diversificar os meus dotes culinários (que são, passe a imodéstia, bem interessantes), de forma a ser capaz de confeccionar e comer (porque o faço também para mim) outras especialidades;
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Escrever mais, melhor e com uma finalidade específica;
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Estar mais perto das pessoas que amo. Dar qualidade às minhas relações, ser mais próximo, estar mais atento e sensível. Viver momentos únicos, com ou sem compromissos. Arriscar mais, sem perder o norte;
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Estar no mapa dos acontecimentos, continuando posicionamentos que vou assumindo, hoje já evidentes (aqui).
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Chega. Se calhar, esqueci outros, tanto ou mais relevantes, mas se conseguir concretizar estes ...
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quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Humores

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Se todos fossem iguais, o mundo era uma sensaboria (palavra que consegue dizer tudo o que queremos, mas só raras vezes encaixa – e consegue dar a entender outras coisas, pelo menos em termos sonoros).
Aceitar a diferença é um passo complicado, até porque nunca estamos no mesmo “comprimento de onda”; mas permite, quase sempre, o que mais se procura num relacionamento – a estabilidade.
Homens e mulheres podem ser diferentes, mas não são tanto quanto isso nem o são por causa disso (apenas). Muito do que somos está na formatação a que estamos sujeitos, enquanto vivemos. Sobretudo o que nos atinge depois de terminada a imaturidade (a boa, a esperada, a que se guarda mais no coração que na memória).
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Somos diferentes, aceitamos isso e, enquanto casais, não apontamos o dedo ao outro por existir – eis a fórmula perfeita.
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A quem pertence, genericamente, a constante mudança de humores, ora bem e feliz, ora triste ou ausente? A tentação primeira aponta, de imediato, para as mulheres. Mas, a ser assim, os homens seriam pessoas constantes na forma de ser e estar. Se é feliz um dia, é-o toda a vida; se amargurado o conhecemos, então …. Parece um pouco redutora, esta visão.
Então elas estarão mais predispostas a essas coisas e os homens não … pode ser, mas tenho sérias dúvidas. O que acontece, na minha opinião, é que temos, todos, elas tanto quanto eles, o mesmo sentir (em função do que nos faz o meio o outro ou, até, o que fazemos a nós próprios); somos diferentes, e muito, é na reacção, na forma como o demonstramos. Ou seja, ele está tão feliz quanto ela, mas nela nota-se mais (isto em termos gerais, é claro). Ela está na fossa, como ele, mas ele consegue, por mecanismos muito simples, passar a ideia que não foi afectado. Ela não consegue. Nunca consegue.
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O segredo dos relacionamentos estáveis (que todos procuram, por muito que o neguem, ninguém é indiferente a esse imperativo social) reside tanto na tentativa dela em “amenizar” as reacções quanto na compreensão da necessidade duma maior exposição de sentimentos, por parte dele.
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O que abala tudo isto é a dureza da vida. Se as coisas já foram vividas e não ultrapassadas, num passado mais ou menos recente, a tentação para a radicalização é enorme. Se ao outro (ele ou ela) já doeu demais, sem ter do par escolhido a resposta que esperava, não estará disponível para novo sofrimento, ainda que o escolhido esteja capaz de reagir (muitas vezes sem ter tempo, sequer, para o tentar fazer).
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Mas a vida não é só dor. Também as horas amargas dão lições, muitas vezes de filosofia, se usarmos o saber do poeta popular. E essas aprendizagens de vida dizem-nos, se escutarmos, que há duas componentes essenciais à estabilidade – o tempo e o som, a paciência e o diálogo, a serenidade da palavra. Sem arremessar, desde logo, projécteis demolidores. Ainda que apeteça.
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Quem disse que não há receitas? O que faltará é contemplação …
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